domingo, 22 de novembro de 2009

Os Sinais do Fim dos Tempos




A maior precupação das grandes religiões monoteístas, principalmente do cristianismo, que possui um livro específico do qual se alega tratar do assunto, o Apocalípse, é o final dos tempos e o julgamento dos seres humanos, conforme a observação de seus livros sagrados.

No caso dos cristãos a preocupação é maior ainda, pois Jesus, o messias cristãos que voltaria para estabelecer o reino de deus, afirmou, em Mateus 16: 28 que “
Em verdade vos digo que “alguns há, dos que aqui estão, que não provarão a morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino”, e também, em Mateus 30:34 – “Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam.” Pois Jesus não cumpriu o prometido.

Desde o início do cristianismo que os seus adeptos esperam a volta do messias, que hoje, onde o estudo da história não mais sofre a censura criminosa que antes sofria por parte dos defensores desta religião, mostra-nos que nem é certo afirmar que ele um dia foi, quanto mais que irá voltar.


Os cristãos inventam mil e uma desculpas para justificar o erro das afirmações de Jesus contidas na bíblia acerca de sua volta iminente: que é erro de interpretação, que uma geração, para deus é medida, em termos de tempo, de forma diferente da qual nós os mortais medimos, que ele quis dizer outra coisa e que nós não sabemos interpretar os “mistérios de deus”, e etceteras intermináveis... Claro que um deus desses prefere usar de frases e meios complicados para manifestar-se aos seus lacáios, ops, digo, adoradores. Melhor seria, um deus do qual se diz amar extremamente sua criação, no caso nós, ter usado de meios, palavras e intenções mais claras, não é verdade? Mas para o cristão a coisa não é a assim tão simples, pois eles precisam do mistério, da magia e da incerteza para poder continuar a acreditar, pois se a coisa for mais “clara”, eles inevitavelmente verão que foram redondamente enganados.

Como já aludi anteriormente, além das palavras de Jesus para afirmar acerca do final dos tempos, os cristãos usam muito de um livro bíblico em particular, o Apocalipse, atribuído a João, o apóstolo mais novo de Jesus. Livro este que, para não ficar longe da fórmula apropriada no mundo cristão, é escrito de forma complicada, com figuras mitológicas de dragões, espadas e cavaleiros, fogo e, como parece ser mais uma preferência dos escritos bíblicos, muito, mas muito sangue.
O Apocalipse, ou revelação, muito provavelmente foi escrito por volta do ano 90 d.c, durante o reinado do Imperador romano Domiciano e foi redigido em grego, tendo como destinatários as comunidades cristãs da Ásia Menor. Os historiadores afirmam que Domiciano, que tinha sua “marca”(nome) em todas as moedas cunhadas por Roma, seria a dita besta que é referida no Apocalipse, pois o seu nome, através da gematria, método antigo de se atribuir número ao valor da soma das letras -pois não usavam-se, na escrita grega, os números e sim letras que faziam o papel deste – somando-as, chegamos a 666. Outros afirma que, usando-se o mesmo método, chega-se a Nero, outro Imperador não menos carniceiro do que Domiciano.Quem escreveu este livro, quis dizer que os cristãos venceriam a perseguição que Domiciano empenhava-se contra estas comunidades crédulas em Jesus. O Apocalipse tem o caráter da atualidade da época em que foi escrito. A volta de Jesus seria, na crença de quem escreveu, em pouquíssimo tempo, com a finalidade de estabelecer de imediato o reino prometido por Jeová ao seu povo. Reparem que o Jesus que é retratado no Apocalipse não possui o mesmo caráter de paz e de amor que, através dos tempos, da helenização e, posteriormente, ocidentalização do cristianismo, estamos acostumados a tratar. O Jesus do livro supostamente escrito por João é um Jesus de espada na mão, pronto para traspassar o fio desta no pescoço de quem não acreditou em suas palavras e, por fim, lançá-los ao sofrimento eterno no inferno. O Jesus apocalíptico está mais para Barrabás, pois a crença do povo da época era de que o messias voltaria como um guerreiro e não, como hoje, através de um discurso disfarçado pelos cristãos, no intuito de fazer parecer o messias como sendo um Jesus-Gandhi.

Mas, mesmo com evidências históricas que demonstram que o livro do Apocalipse é bem mais simples do que querem fazer-nos crer, os cristãos preferem acreditar que o fim dos tempos está próximo e, inclusive, parecem torcer por isso. Muitos afirmam que a hora é agora, que Jesus já está afiando a navalha de sua espada e encilhando o seu cavalo alado para vir, de uma vez por todas, instituir o reino de deus e castigar severamente os incrédulos como eu. Vários fatos, dos mais simples aos mais complexos, são apontados como sendo indicios de que o mundo está prestes a acabar.

Afirmam os cristãos, desesperados para ver sangue derramado-se e carne fresca queimando, que as evidências estão todas ai, aos nossos olhos, e que o pior cego é quem não quer ver (eles adoram estas frases de efeito). São filhos contra pais, guerras, desastres naturais, crimes sangrentos, entre outros fatos que apontariam para o fim inevitável e imediato. Mas será que, se analisarmos tudo com um pouco de cautela, teremos a mesma opinião devastadora destes crédulos sádicos?


Vivemos em um mundo que possui sim guerras, crimes horrendos e desastres naturais, mas, por incrível que pareça, a época em que vivemos é bem mais amena do que tempos atrás. A humanidade já conheceu guerras muito mais sangrentas e arrasadoras do que os poucos conflitos que existem atualmente. O mundo nunca esteve tão tranquilo, por maior absurda que possa ser esta afirmação que faço. Quem acompanha os noticiários sabe que não há exagero nas minhas palavras. Filhos contra pais? Bem, eventualmente acontece alguns casos, mas desde que o mundo é mundo que escutamos estas histórias, mas não tanto como em épocas passadas onde era quase uma regra, principalmente na classe dominante e política, onde reis eram destronados por seus filhos, padres eram mortos por seus filhos (sim, padres, você leu certo), papas eram mortos por interesses políticos e coisas do gênero. Hoje em dia notícias como estas nos espantam exatamente pelo fato de serem tão atípicas. Desastres naturais são também fatos que acontecem desde que o planeta se formou e sempre irão acontecer.
Nunca vivemos, principalmente no ocidente, tão irmanados com a democracia, com os direitos humanos e com a liberdade de ir e vir. Hoje as mulheres, na maioria dos países, já possuem o direito ao voto e, felizmente, igualdade de direito com os homens. A tecnologia nos permite a comunicação instantânea, a medicina cura doenças que antes acreditavam-se como sendo males espirituais e/ou demoníacos. Não existe mais a escravidão institucionalizada, os negros, no Brasil e EUA principalmente, tomam a cada dia mais espaço nas artes, política, esportes e na sociedade. As crianças possuem, como nunca na história da humanidade, direitos preservados e garantias a uma infância real. Ditadores autoritários e sanguinários são cada vez mais raros. Opções sexuais são respeitadas cada vez mais.Se o mundo tivesse de acabar por conta dos “sinais apocalipticos”, já deveria ter acabado há muito tempo, onde as “condições profetizadas” eram muito mais propícias para isso.

Temos um mundo perfeito hoje? É claro que não. Problemas ainda existem e sinto informá-los que sempre existirão. Fome, pobreza, criminalidade, preconceito, abusos, fazem parte da história da humanidade, mas o ponto que eu quero chegar é que, cada vez mais, as nações do mundo começam a dirimir estes aspectos negativos e a tentar solucionar tais males. Não estou defendendo nenhum campo político atual e sim tentando mostrar, aos olhos religiosamente mais cegos, que as coisas hoje são inumeras vezes melhor do que em séculos passados.


O planeta terra e a vida que nele contém, principalmente a humana, irá acabar? Com certeza, pois nada dura pra sempre, mas não vai ser, como alguns acreditam, em um festival carnavalesco, regado a espada e banhos de sangue, ao som de trombetas de ouro e julgamentos onde o direito ao contraditório e a ampla defesa inexistem e sim por nossa própria culpa. Estamos esgotando os recursos naturais de nosso planeta, a camada de ozônio é uma preocupação constante, as mudanças de clima, enfim. Nós, muito provavelmente, acabaremos com a nossa espécie neste belo planeta azul, por ignorância e teimosia própria e não pela providência e vontade dos deuses que inventamos.

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