domingo, 13 de dezembro de 2009

Natal


Ontem, sábado, fui ao centro da cidade com a finalidade de comprar um presente para o amigo secreto. Sim, nesta época o que mais temos são gastos. Estamos em pleno verão mas Porto Alegre, ontem, tinha um aspecto invernal: o céu estava cinza, muito vento e uma garoa constante que, eventualmente, transformava-se em uma pancada torrencial de chuva. Mesmo assim, sendo um sábado atípico para a época do ano, muito propício para que as pessoas fiquem em suas casas, no conforto do lar e longe das do vento e da chuva, o centro da cidade estava muito movimentado. Pessoas indo e vindo, com pressa e com muitas sacolas. Lojas cheias, segurança redobrada, vitrines decoradas e muitos atendentes felizes na tentativa de satisfazer o melhor possível ao público porque, sendo contratados temporariamente, possuem a esperença da efetividade e de um emprego fixo.

Estamos no período natalino e, exatamente por causa disso, as pessoas tomam um rumo mais apressado em seu cotidiano. Todos querem comprar os presentes que irão ofertar aos seus amigos e familiares, as decorações, os enfeites e a árvore e ainda preocupam-se com a ceia, ou seja, o jantar do dia 24 de dezembro, onde comumente o peru é prato principal, acompanhado de muitas iguarías culinárias, as quais não estamos acostumados a comer durante o resto do ano. E muita, muita bebida alcoólica, infelizmente. É a época que muitos caracterizam como mágica, onde as famílias costumam se unir para celebrar o suposto nascimento de cristo. É um tempo de reencontros.


Muitos me perguntam o que o natal significa pra mim, já que sou ateu e o natal é uma festa estritamente cristã. Aqui há um porém muito importante: o natal não é uma festividade “estritamente” cristã. Quem conhece um mínimo de história sabe que os cristãos apenas incorporaram a data, de origens pré cristãs, ao seu calendário, na tentativa de aproximarem-se dos povos “pagãos” recém convertidos que festejavam já o solstício de inverno, que é a verdadeira origem das comemorações do 25 de dezembro. A data tem vários significados, dependendo do local e das crenças do povo. Os romanos comemoravam o nascimento do deus sol, com muita festa, orgias e bebidas. O sol é o grande “aniversariante” da data. Os cristãos só juntaram o útil ao agradável.

Mas, como eu ia dizendo, muitos me perguntam, inclusive, se não é hipocrisia da minha parte, que eu compre presentes para os amigos e filhos e participe da ceia com a família. Não vejo as coisas desta meneira. Vejo o natal como uma época de festividades, conjuntamente com o ano novo, onde as pessoas festejam, como na pré-história, o final de um ciclo e o início de outro, só que com uma diferença significativa: o 13º salário...

Eu não festejo o nascimento de nenhum deus, ou semi-deus, e sim entro no clima dos que convivem comigo, onde vejo a oportunidade de reencontrar amigos, confraternizar com familiares e ver que o ano que está acabando foi bom e que isto vale uma comemoração, ou, se o ano não foi tão bom assim, planejar o ano novo que irá começar. Isto acaba sendo algo inconsciente.

Na verdade o natal e o ano novo, pra mim, são dias iguais aos outros, nada muda, exceto o fato de que o governo resolveu premiar minha conta bancária com um acréscimo monetário, o 13º salário, e me possibilitou tirar uns dias de folga da rotina extressante do trabalho e, juntando isso ao fato de eu conviver em uma sociedade de maioria cristã, comemorar o natal a minha maneira e faço questão que respeitem a minha descrença, mas para isso tenho que respeitar a crença daqueles que vivem, trabalham e fazem parte do meu convívio durante o ano.


Se for para comemorar algo, que seja algo importante, como os povos da antiguidade faziam, adorando o sol, mas não como um deus e sim como um astro de extrema importância para o planeta, pois sem ele não haveria vida na terra. Então, talvez, no dia 25 de dezembro eu faça um brinde ao sol, que tanta importância tem para o mundo em que vivemos e, mesmo assim, não nos cobra nada, não nos obriga a seguir nenhuma lei, não nos castiga por atos cometidos. Ele apenas está lá, cumprindo o seu dever enquanto pode, sem ao menos saber de sua vital importância para toda a vida do planeta.

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